terça-feira, 28 de outubro de 2014

O caminho da transcendência e a busca pela felicidade


Por Vanessa Malagó

A mão desliza sobre o papel. É precisa. Não hesita. As palavras saem, jorram num fluxo intermitente. Vêm em atropelo, como que desordenadas, desconexas, mas ocupam seu devido lugar. Nessa aparente turbulência, seguem um ritmo próprio. Saem melodiosas, estão vivas, quentes, pulsantes. “Sente-se um estilhaço e não se sabe onde é: é assim que tem que ser a alegria: não se deve saber por que, deve-se sentir assim: ‘mas que é que eu tenho?’ – e não saber.”

Começo com as palavras de Clarice Lispector, que ainda em minha adolescência, fizeram vibrar em mim  algo ainda desconhecido, que não podia nomear.

Anos mais tarde, no meu contato com o yoga, despontaram palavras como samadhi, transcendência,   iluminação. Numa perspectiva concreta e racional do mundo, aquilo me parecia misterioso, distante. Nos meus primeiros anos de estudo sobre o yoga, um amigo me perguntou: Pra que você pratica yoga? Você acredita mesmo na auto-realização? E, ainda mais enfático, você pratica yoga buscando a iluminação? No momento, eu me lembro de ter respondido: Não sei. Mas a resposta não importou e sim a pergunta, que ficou ecoando durante anos e ainda reverbera.

Leio, estudo, investigo.  O que é o samadhi? Qual o objetivo do yoga?As palavras parecem árduas, difíceis de entender, mas já não estaria eu atravessando aquela floresta escura por mais de uma vez?